A Família: Criação De Deus





Otoniel Marcelino de Medeiros

"E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou" (Gn 1.27) .

INTRODUÇÃO

Deus cria do nada pela ação do seu amor todas as coisas na seqüência: no primeiro dia (Gn1.1-5) a luz; no dia seguinte (Gn 1.6.-8) fez a expansão (céu) separando as águas superiores e inferiores; no terceiro dia criativo (Gn 1.9-13); fez aparecer a porção seca (terra), definiu os mares e na terra a vida vegetal começa a brotar; os estabelecimento dos astros celestes é o quarto dia (Gn 1.14-19); as água e os ares são preenchidos com a vida pelos seres das águas e pelas aves, trazendo o quinto dia (Gn 1.20-23); o sexto dia é áureo porque nele Deus cria a família, macho e fêmea (Gn 1.27).
O Salmo 19.1, poeticamente canta a beleza da criação divina: "Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos."
A família faz parte do projeto maior de Deus, é um ato criativo que passa pelos toques das suas mãos, o Senhor Jesus participa a execução do projeto de Deus Pai, o Espírito Santo é Mantenedor da realidade criativa de Deus.
A família é o ponto máximo da criação de Deus, criada pelo toque preciso das suas mãos, e como toda a criação, a família foi criada num estado "que era muito bom" (Gn 1.31).

O TRAUMA DO PECADO

O homem era essencialmente vegetariano (Gn1.29) e os animais, herbívoros (Gn1.30), foram criados ecologicamente corretos. A família como os demais animais, eram condicionados a multiplicação, portanto era um estado intermediário, em relação ao que havemos de ser na dimensão ressurrecta (I Ts 4.13-18), mais "evoluídos" do que o nosso estado hodierno. O homem não evoluiu, mas regrediu. Vivemos hoje uma deformação espiritual, moral e física.
Numa eternidade futura, os salvos em Cristo Jesus, na dimensão de corpos glorificados, estará pleno tanto quantitativamente como qualitativamente, como os anjos: "Porquanto, quando ressuscitarem dentre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento, mas serão como os anjos que estão nos céus" (Mc 12.25).
No jardim do Éden a família tinha a opção da árvore da vida (Gn 3.22) para viver ou escolher a árvore do conhecimento do bem e do mal, para a morte (Gn 2.17). A morte foi escolhida e retransmitida a todos: "Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram" (Rm 5.12). Um mistério é em relação aos anjos, que apenas uma parte tornou-se rebelde aos propósitos de Deus. A condição de geração de semelhantes, não ocorrendo com os seres angelicais, nos dá uma aparência deste "repasse" pecaminoso. E a idéia que temos é de uma criação já quantitativamente plena de anjos. Os humanos estão todos em pecados: "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 5.23). Há uma intrínseca relação da natureza pecaminosa humana na questão da concepção de um novo ser: "Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe" (Sl 51.5).
Concluímos que a humanidade, numa atitude familiar, foi amorosamente criada por Deus, num contato pessoal, podendo escolher a vida ou a morte, e desastrosamente escolheu a morte. Fez opção pela decadência espiritual e material, optou pela inversão de valores. Houve a necessidade de a família ser submetida a prova de resistir ao conhecimento do bem e do mal, infelizmente foi vencida. A partir daí não mais poderia participar da árvore da vida, para não viver eternamente em pecado, Deus providencia um único recurso de salvação: O Senhor Jesus Cristo (Gn 3.15).
Com o pecado o mundo em todos os níveis foi afetado, a terra passou a ser maldita, o trabalho assumiu o peso da dor, a natureza passou a ser agressiva, sofrendo também a morte termodinâmica, com o desgaste crescente, a natalidade passou a ter a dimensão da dor, a verocidade passou a ser a característica animal, deu-se o início humano para resolver os problemas na improvisação e os crimes começaram a surgir no ambiente familiar (Gn 3; Gn 4).
O nosso mundo, toda essa cruel realidade que vivemos é conseqüência opcional humana pelo pecado, de uma sociedade principada por Satanás, que já está julgado (Jo 16.11), tendo levado as famílias a um distanciamento de Deus com profundas infelicidades humanas.
A árvore da vida tem um único caminho, em Gn 3.24 temos: "E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida." O versículo não fala em caminhos, o caminho. Para voltarmos ao estado inicial de comunhão com Deus há apenas um caminho, claro que é o Senhor Jesus Cristo, e ele mesmo deixa a questão muito clara: "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (Jo 14.6).
O casamento é uma união de tal profundidade que os dois se tornam uma carne só (Gn 2.24). O apóstolo destaca a seriedade do casamento: "Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja. Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido" (Ef 5.23-33).