.Aos que ainda resistem depois de 365 batalhas cotidianas, aos que ainda se permitem ter esperanças depois de 365 lutas diárias, aos que ainda se indignam depois de 365 guerras diuturnas. Aos que não se intimidaram diante das sucessivas crises. Aos que ainda mantêm a postura, mesmo diante do ridículo. Aos que votaram, mesmo sem a esperança de alguma mudança. Aos que não se deixaram seduzir pela mídia, apesar de todo o apelo da imagem. Aos sobreviventes...Apesar da rotina, da insulina, da cocaína, da propina... vencemos. Apesar da inflação, da alienação, da segregação, da sonegação... vencemos. Apesar da poluição ambiental, do calor monumental, da desigualdade abissal, do medo sobrenatural... vencemos. 2008 é passado. Serão lembranças acumuladas, com o tempo trituradas no liquidificador dos nossos pensamentos. Vai-se embora tão rápido como se nem ainda tivesse começado. Onde estarão agora Isabela, João Roberto, Eloá...? Tantos joões e marias que se somam aos Jean Charles, João Hélio, Ives Ota... que nunca conhecemos de fato ou de tato, mas que um dia talvez encontremos num jornal, revista ou filme que insistimos em colecionar.2008 é passado. 2009 é novato. Com a esperança de tempos melhores para a colheita, a natureza, mais uma vez, fecundará a terra. O sêmen engravidará o presente, para fazer brotar na consciência dos homens a sensação de futuro. E o novo, misto de medo e esperança, nos arrebatará. Por isso, estouremos champanhas, cantemos canções de perseverança e soltemos fogos de bem aventurança. Confraternizemos com conhecidos desconhecidos. Gritemos a plenos pulmões. Somos vencedores, meus amigos. Na luta pela sobrevivência, demos um passo à frente. Com o ano novo, chegarão as previsões, os senões, as certidões com o seu nome: ano da virada, ano da mudança, ano do boi, ano da crise, ano...Comemoramos que passamos pelos obstáculos erguidos à nossa mente, que pulamos as barreiras interpostas à nossa frente, que vencemos quando até mesmo nós duvidamos da nossa capacidade de enfrentarmos nossos medos, desejos, idéias, platéias... Comemoramos que não caímos em bueiros, que não cedemos às intimidações de pistoleiros, que ainda nos indignamos com muambeiros, doleiros, politiqueiros...Felicite-me ano novo. Meu desafio é continuar vivo e, ao final, vencê-lo.
Luiz Claudio Jubilato