Irmãos, irmãs e amigos, graça misericórdia e paz, vos sejam multiplicadas. Outra discussão doutrinária que provocou a organização da Igreja de Cristo no Brasil, foi a que está relacionada com o cálice comum. Isto é, o cálice era um só, e os participantes da ceia tomavam o vinho neste único cálice. Pratica que ainda hoje existe entre algumas raras denominações. Para nós hoje, que fomos libertos desta prática, somos levados a pensar que esta foi uma discussão boba, sem sentido, sem importância, mas para eles, naquele momento não se podia ignorar a discussão do assunto que se julgava de fundamental necessidade, desde a questão higiênica, bíblica até a questão teológica que envolvia o caso. O pastor João Vicente de Queiróz, um dos pioneiros e que viveu esta discussão na pele, contava de um encontro que teve com um irmão, que o chamou para provar que o cálice era comum, pois Jesus teria dito ao compartilhar o vinho: “Bebei dele todos.” E o pastor João Queiróz observou: “Bebei dele e não nele todos” Lendo as palavras textualmente vemos o que claramente Jesus diz:” E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; Porque isto é o meu sangue; o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai.Mateus 26:27-29” E assim as discussões iam se proliferando na medida que se confirmavam, e na ótica dos nossos pioneiros tais assuntos deveriam ser discutidos com reverencia e muita seriedade. O zelo era de uma discussão a toda prova, especialmente quando o assunto era ceia do Senhor. No primeiro concílio realizado pela Igreja nos dias 28 a 30 de agosto de 1935 na cidade de Natal, na decisão de número 06 lemos: “Que só poderão ser admitidos à Ceia do senhor, em nossas igrejas, membros de outras igrejas quando não revelem em seu comportamento coisas pelas quais são disciplinados membros de nossas igrejas, como sejam: O corte de cabelo, a pintura dos lábios ou face etc. O uso de fumo ou casarem-se com decrescentes e outras coisas semelhantes.” Tal era o zelo o cuidado doutrinário, disciplinar e organizacional dos antigos, que hoje aos nossos olhos e conceitos, todas estas coisas são ultrapassadas e se tornaram obsoletas. Tudo bem, 79 anos já se passaram e da lá para cá, muita coisa mudou inclusive os hábitos, costumes, comportamentos, mas o princípio de conservar as coisas em boa ordem e cuidados, jamais mudará, não podemos perder de vista este rumo colocado pelos nossos pioneiros, que no passado teve o seu lugar e no presente é nobre observar. Por isso é que vale a pena refletirmos em coisas que o passado construiu e legou às gerações futuras, mesmo que seja uma questão proverbial semelhante a esta: “Bebei dele todos ou bebei nele todos?” A diferença ortográfica é mínima, mas quando se trata de linguagem do reino, é soberana e de muita importância. Irmãos, irmãs e amigos, graça, misericórdia e paz vos sejam multiplicadas.