Confesso que às vezes fico frustrado com as pessoas. Eu sei, eu sei, pastor nunca deve ficar frustrado. Mas sou humano antes de qualquer coisa e, por mais que possa parecer impossível para alguns idealizadores da função pastoral, experimento os mesmos sentimentos que as outras pessoas: frustração, desânimo, medo, ira, etc. e tal.
Uma das coisas mais ingratas na experiência de qualquer pessoa que se dispõe a servir ao próximo é que, mais cedo ou mais tarde, você vai esbarrar em pessoas que, por mais que você se esforce em ajudar-lhes nunca será o bastante. São aqueles casos onde você gasta horas orando, aconselhando, visitando, mobilizando outras pessoas para fazerem o mesmo e, quando você não dispõe mais de energia para fazer isso, ou precisa focar parte de sua atenção para outras pessoas e situações (ou para seu próprios problemas… ah, mas pastores também têm problemas???) ou ainda, quando decide deixar a pessoa dar alguns passos sozinha para amadurecer, a resposta que recebe é: “Ninguém nunca se interessou por mim! A igreja é hipócrita! O pastor não tem amor! Nunca me ligou! Nunca me ajudou! Nunca fez isso ou aquilo…”
Creio que todo pastor, missionário, obreiro ou simplesmente cristão que já se envolveu em servir pessoas sabe o que isso significa. E acho que todos concordariam comigo que isso é possivelmente umas das maiores fontes de frustração no ministério. É uma daquelas coisas que faz a gente sentir vontade de deixar tudo de lado e ir cuidar de nossa própria vida. Meu finado amigo Fábio Ramos de Carvalho dizia que, nesses momentos, ele ficava se perguntando por que não estava morando na beira da praia, longe de tudo e todos, só com sua família e Deus…
Enquanto pensava sobre isso, me lembrei que os seres humanos agem assim também em relação a Deus. Não é incomum pessoas se voltarem contra Deus em alguns momentos de suas vidas e dizerem: “Deus nunca me abençoou, nunca respondeu minha oração, nunca me ajudou…” Acho que eu também já fiz isso uma vez ou outra… Ingratidão é uma das características do ser humano caído, afastado de Deus por causa de seu próprio pecado e escolhas, mas que volta-se contra Deus como se Ele lhe devesse alguma coisa. E quando estamos com problemas, é realmente fácil pensarmos que somos o centro do mundo e que todas as atenções deveriam estar sobre nós. Isso mais cedo ou mais tarde irá nos levar a reclamar e murmurar, lançando sobre alguém nossa ira e indignação. E encontramos nos pastores ou na igreja um grande alvo difícil de errar.
No final do dia, encontro conforto em saber que o meu serviço é, em última instância, para o Senhor e é a Ele que prestarei contas no fim da vida. Mas que é difícil lidar com pessoas, isso sim é…